Vamos à Casa do SENHOR

Salmo 122


INTRODUÇÃO:

A Alegria da Comunhão: Salmo 122*

Decorporação, "quando se ama a cabeça e se despreza o corpo", desigrejismo?

Tecnologias - impessoalidade, igreja virtual ou metaveso?

            *Saudades de Casa, Stephen Yuille.[1]

O Templo sempre ocupou um dos principais lugares na vida do povo de Deus de todos os tempos, no Antigo Testamento, Jerusalém e o Templo representavam a morada do Senhor na terra, e junto com a arca da aliança representava a presença de Deus no meio do povo e o seu favor para com eles. 

As expressões "morar" ou "habitar" traduzem a idéia de "tabernacular", trazendo assim lembrança do Éden, quando Deus vinha ao encontro do homem e conversava com ele, além da esperança desse encontro e presença na consumação.

O culto consiste em um diálogo com Deus, falamos com Ele através das orações e louvores, Ele fala conosco através de sua Santa Palavra cantada (salmos), lida e explicada, e nos sacramentos como banquete de comunhão em Cristo, o Cordeiro de Deus, tipificado nos sacrifícios do AT. 

O apóstolo João falando sobre a encarnação de Cristo diz que ele habitou (tabernáculou) entre nós. O livro de Apocalipse nos diz da nova Jerusalém, “eis o tabernáculo de Deus com os homens... Deus mesmo estará com eles” (Ap 21) como no Éden. O apóstolo ver a praça, símbolo de comunhão, mas não ver o Templo, a cidade toda é a Igreja, é o momento da realidade final do que o Templo e a Igreja apontam e representam.

No livro de Êxodo é possível perceber a solenidade e reverência desse encontro de Deus com o homem. O SENHOR se encontra com Moisés no lugar mais alto da terra naquela região, ele sobe o monte, e Deus desce ao seu encontro em meio as nuvens (mais um símbolo da presença de Deus com o seu povo no deserto), e ali lhe dá ordens para construção de um tabernáculo. 

Quando o tarbernaculo foi concluído, a nuvem desceu do monte até o tabernáculo, como se Deus entrassem em sua Casa (Êx 19; 40). Assim os sacerdotes usavam o incensário como representação da própria nuvem que os encobriam na presença de Deus, a semelhança também do monte fumegante. Os primeiros capítulos do livro de Apocalipse nos lembra que Cristo, aquele que vem com as nuvens, anda no meio de sua igreja. 

A igreja também é um lugar de encontro e comunhão do povo de Deus, reunidos como um só homem, o corpo de Cristo, como expresso tanto no AT como no NT, por isso os apóstolos registraram que os cristãos estavam sempre juntos e tinham tudo em comum, e também exortaram para que ninguém deixasse de congregar (“synagogê”, se reunir). A própria palavra igreja “eklesia” que sugere uma reunião, onde as pessoas saem de suas casas para um lugar de encontro público para ouvir os arautos e embaixadores do reino. (Sl 133; Ne 8; At 2.42-47; 1Co 12; Hb 10.25).

O Salmo 120 iniciando os “cânticos de caminhada” destaca a necessidade de nos retirarmos do mundo hostil para o lugar de adoração, da aflição para o lugar de paz. 

Vejamos alguns textos que destacam a importância do Templo e do culto na vida dos servos de Deus:

1.      Habitar na Casa do SENHOR

"Eu amo, SENHOR, a habitação de tua casa e o lugar onde tua glória assiste." (Sl 26.8)

"Uma coisa peço ao SENHOR, e a buscarei: que eu possa morar na Casa do SENHOR todos os dias da minha vida, para contemplar a beleza do SENHOR e meditar no seu templo. Pois, no dia da adversidade, ele me ocultará no seu pavilhão; no recôndito do seu tabernáculo, me acolherá; elevar-me-á sobre uma rocha. Agora, será exaltada a minha cabeça acima dos inimigos que me cercam. No seu tabernáculo, oferecerei sacrifício de júbilo; cantarei e salmodiarei ao SENHOR. Ouve, SENHOR, a minha voz; eu clamo; compadece-te de mim e responde-me. Ao meu coração me ocorre: Buscai a minha presença; buscarei, pois, SENHOR, a tua presença." (Sl 27.4-7)

Os templos serviam de proteção em tempos de guerras, segurar nas pontas do altar.

"Quanto a mim, porém, sou como a oliveira verdejante, na Casa de Deus; confio na misericórdia de Deus para todo o sempre." (Sl 52.8)

"Bem-aventurado aquele a quem escolhes e aproximas de ti, para que assista nos teus átrios; ficaremos satisfeitos com a bondade de tua casa — o teu santo templo." (Sl 65.4)

"...Pois um dia nos teus átrios vale mais que mil; prefiro estar à porta da casa do meu Deus, a permanecer nas tendas da perversidade." (Sl 84.10)

"Salum, filho de Coré, filho de Ebiasafe, filho de Corá, e seus irmãos da casa de seu pai, os coreítas, estavam encarregados da obra do ministério e eram guardas das portas do tabernáculo; e seus pais tinham sido encarregados do arraial do SENHOR e eram guardas da entrada. Finéias, filho de Eleazar, os regia nesse tempo, e o SENHOR era com ele. Zacarias, filho de Meselemias, era o porteiro da entrada da tenda da congregação. Todos estes, escolhidos para guardas das portas, foram duzentos e doze. Estes foram registrados pelas suas genealogias nas suas respectivas aldeias; e Davi e Samuel, o vidente, os constituíram cada um no seu cargo. Guardavam, pois, eles e seus filhos as portas da Casa do SENHOR, na casa da tenda. Os porteiros estavam aos quatro ventos: ao oriente, ao ocidente, ao norte e ao sul." (1Cr 9.19-24)

"Plantados na Casa do SENHOR, florescerão nos átrios do nosso Deus. Na velhice darão ainda frutos, serão cheios de seiva e de verdor," (Sl 92.13-14)

"Exaltai ao SENHOR, nosso Deus, e prostrai-vos ante o seu santo monte, porque santo é o SENHOR, nosso Deus." (Sl 99.9)

"Servi ao SENHOR com alegria, apresentai-vos diante dele com cântico. Sabei que o SENHOR é Deus; foi ele quem nos fez, e dele somos; somos o seu povo e rebanho do seu pastoreio. Entrai por suas portas com ações de graças e nos seus átrios, com hinos de louvor; rendei-lhe graças e bendizei-lhe o nome." (Sl 100.2-4)

"Os meus olhos procurarão os fiéis da terra, para que habitem comigo; o que anda em reto caminho, esse me servirá. Não há de ficar em minha casa o que usa de fraude; o que profere mentiras não permanecerá ante os meus olhos." (Sl 101.6-7 cf. Jo 4 - os verdadeiros adoradores).

2.      As Três Festas Memoriais: (Dt 16.1-17)

a.      Páscoa: Lembravam a libertação da escravidão no Egito.

b.      Pentecostes: Lembravam a providência no Deserto.

c.       Tabernáculo: Traziam a memória a necessidade de perdão por causa do pecado.

As partes da liturgia do culto cristão, também lembram todos esses e outros elementos em Cristo.

EXPOSIÇÃO - COMENTÁRIOS:

CULTURA CRISTÃ: 1. Alegria em Jerusalém (vs. 1,2). Davi lembra sua sincera alegria quando os vizinhos formularam o convite: “Vamos à casa de Deus!” Esses dois característicos do amor pela presença de Deus e pela comunhão de seu povo predominaram na igreja primitiva (Hb 10.25), e deveria ser assim hoje. O segundo versículo pressupõe que os peregrinos por fim chegaram em Jerusalém. As provações da viagem chegaram ao fim, e há grande alegria quando atravessam os portões que avistaram de longe. O nome “Jerusalém” significa fundamento da paz (ver o jogo de palavras mais adiante no salmo, v. 6). 2. Apreço por Jerusalém (vs. 3-5). Certamente para os que vinham das partes remotas de Israel, a visão de Jerusalém era algo emocionante. Não era apenas uma conglomeração de edifícios, mas uma cidade compacta e bem ordenada — à capital. Era um símbolo da unidade da nação, quando todas as tribos do Senhor subiam para lá em ocasiões festivas especiais. Era o lugar que escolhera como a habitação para seu nome. O propósito era louvar fisicamente o nome do Senhor; porque as grandes festas, como a Páscoa, a Festa das Semanas e a Festa dos Tabernáculos significavam que chegara o momento de regozijo pessoal e nacional na presença do Senhor (Dt 16.1-17). Jerusalém era também o centro da vida cívica (v. 5), ao qual o povo vinha para que o rei julgasse suas queixas. O sistema nem sempre funcionava perfeitamente, pois Absalão, filho de Davi, a explorou a fim de granjear seguidores para si (2Sm 15.1-6). O que está em vista não é só a nação como um todo, mas também os amigos íntimos do salmista (vs. 8,9). Ele percebe que a bênção para eles depende da prosperidade de Jerusalém. Em particular, a casa de Deus é tão importante que ele anela pela prosperidade contínua da própria cidade. Mesmo antes da construção do Templo, a arca já lograra moradas permanentes, tais como em Silo (ver 1Sm 3.1-3,21) e em Jerusalém. Esses edifícios podiam ser facilmente descritos como “a casa do Senhor”. Os sentimentos profundos do povo para com o templo são demonstrados nos lamentos sobre sua destruição (Sl 74.3-8; Is 64.11; Lm 2.6,7), e a alegria com que os exilados que regressaram saudaram sua reconstrução.”[2]

 

NVI - Salmo 122: “O salmista expressa alegria por estar em Jerusalém e pede orações em seu favor. 122.1 Casa do Senhor. Nos dias de Davi, o tabernáculo, que foi substituído pelo templo de Salomão (a morada de Deus), prenunciava sua vinda na humanidade de Cristo, que habitaria com seu povo como seu templo vivo e, por fim, sua glória enchendo a nova criação (Jo 2.19-21; 1Pe 2.5; Ap 21.1-3,22-23). 122.3 Compacta. Unida, talvez se referindo à unidade das várias tribos quando adoravam juntas em Jerusalém (v. 4; 133). Cristo une a igreja por meio da aplicação de seu sangue, feita pelo Espírito (Ef 2.14-22; 4.4-6). 122.4 Como convém a lsrael. O original hebraico faz uma referência ao “testemunho” (mencionada na KJV e em outras versões em português) de Israel, 6dut, uma referência à arca da aliança (Êx 16.34; 26.33— 34). Nome. A totalidade das perfeições de Deus, por ele reveladas. 122.5 Tronos de justiça. À autoridade do rei e de seus servos para conduzir o povo em justiça (2Cr 9,8; Pv 20.8), um tipo do reino de Cristo (159.7;16.5; Ap 20-4). 122.6-8 Paz. Bem-estar geral. Segurança e tranqüilidade (v. 7-8). Prósperos. Fiquem seguros e em paz.”[3]

 

APLICAÇÕES – CHARLES SPURGEON[4]

Alegria em antecipar o culto:

Pela instrução que recebemos

Pelos atos de culto que participamos

Pela sociedade companhia com que entramos em contato.

Alegria no convite ao culto:

Mostra que outros estão interessados no culto prestado a Deus.

Mostra o interesse deles em nós.

Promove o interesse do Reino de Deus.

O adorador devoto (dedicado) tem prazer em ir à casa do Senhor. Ela é o seu Lar, sua escola, seu hospital, seu banco (parafraseando os puritanos, que chamava o culto de feira da alma, a igreja é o lugar onde ele encontra os mantimentos para sua alma e dispensa de sua família, como despenseiros de Deus).

Presença pessoal (não virtual): meus pés

O interior da igreja: a honra, o privilégio, alegria e a comunhão de estar ali.

[Quando Satanás sussurrar ao teu ouvido: "Não vá à Igreja... assista pela internet...". Diga a ele: "Me alegro em estar na Casa de Deus. Cristo me salvou para eu adorá-lo com todo o meu ser - com minha voz, com minha mente e com o meu coração. Enquanto eu viver o meu prazer será louvar o seu Nome juntamente com meus irmãos."] (Ageu Magalhães).

O dever do culto público:

O dever de assistir (participar) aos trabalhos da casa de Deus.

O dever de incentivar um ao outro a ir.

Em um lugar e em grupo, "para lá sobem as tribos (família) do Senhor".

O plano e ordem para instrução e louvor: "conforme o mandamento dado a Israel... Para dar graças ao Senhor".

Lá estão os tribunais de justiça - no santuário - homens são julgados:

Pela lei, pela própria consciência, pelo evangelho.

Pelos reis da casa real de Davi - por Cristo seu herdeiro, Rei dos reis, justo juíz.

O amor por Jerusalém (igreja) é o efeito da a verdadeira piedade, a oração em seu favor é o efeito desse amor, a paz o efeito da oração e a prosperidade o efeito da paz.

Precisamos orar pela paz abrangente: espiritual, social, eclesiástica e nacional.

Perseguir a paz (Hb 12.12; buscar a paz com perseverança (1Pe 3.11).

Oração

Deleite e alegria no serviço prestado à Deus

Esforço prático: "buscarei o teu bem e de meus irmãos".

Buscarei o teu bem”: Orando e trabalhando na igreja; trazendo outros para cultuar (receber a instrução e bênçãos); buscando e mantendo a verdadeira genuína paz que vem de Deus.

Entre teus muros”: cidade, casas, palácios (governo) e templos. Governo e sacerdócio de Cristo, de onde vem a verdadeira prosperidade.

A paz desejada fazia parte das esperanças messiânicas (Is 11.6; Os 2.20). O amor pela sagrada Sião (2Sm 5.9) é traço da devoção judaica (Sl 48; 84; 87; 133; 137). Jerusalém, solidamente restaurada (Ne 2.17), é o símbolo da unidade do povo eleito e a figura da igreja. "testemunho para Israel, para que ele celebre"; a cidade santa é o sinal visível dos benefícios divinos, a garantia das promessas messiânicas.” JERUSALÉM

HERANÇA REFORMADA: “Pensamentos para a devoção pessoal/em família: salmo 84. 1. A casa de Deus não é um prédio, mas a congregação de pessoas unidas em Cristo pelo Espírito Santo (1Co 3.16; Ef 2.22; 1Pe 2.5). Há grande bênção em cultuar na casa de Deus. A palavra de Deus nos convoca à essa santa reunião (99.9) e o Espírito Santo nos conduz até ela (Ed 1.5). Ali os crentes veem a beleza de Deus e se satisfazem nele (63.1-2). O amor pela igreja de Deus e por sua adoração é um sinal da bênção salvadora de Deus sobre uma pessoa. Que valor damos aos cultos na igreja? Com que freqüência participamos deles? O que procuramos quando vamos à igreja — Deus ou algo que o homem oferece? Promover à sua glória ou ter satisfeitos nossos desejos e necessidades? Exaltá-lo ou elevar nossa auto-estema? 2. Ninguém é mais zeloso pela casa de Deus que o Senhor Jesus Cristo (Jo 2.17). Ainda quando era uma criança de doze anos, ele amava estar ali (Lc 2.46-49). Como adulto, ele ficava freqüentemente no templo, ensinando (Lc22.53; Jo 10.23). Ele tem prazer especial em estar com seu povo, que é a casa espiritual de Deus. Ao seu povo, ele prometeu sua presença especial (Mt 18.20;28.20). O Senhor ressurreto é o nosso grande templo, e ele brilha como o sol com a beleza do Deus Trino (Jo 2.19-22; Ap 21 22-23). Melhor é estar um dia com à igreja, na presença de Cristo, que mil dias em outro lugar. O que geralmente impede que as nossas atitudes sejam como as de Cristo nesse ponto?”. –Pensamentos para a devoção pessoal/em família: salmo 122. 1. lr à casa de Deus é uma ocasião de alegria. Assim como isso era verdade na antiga aliança, deve ser verdade hoje. À adoração comunitária na igreja visível e local deve ser o prazer de todo cristão. Ter comunhão com aqueles que têm fé preciosa e unir-se em louvor e adoração ao Senhor deve ser o ponto alto da semana, quando à igreja se reúne no dia do Senhor. 0 amor pela igreja também deve nos motivar a orar por ela (v.6). Você se prepara para o dia do Senhor com oração, prazer e expectativa? Como você pode criar o hábito de fazer isso? 2. A alegria da adoração pública gira em torno da presença de Deus. Para Israel, essa presença era simbolizada pelo templo, o trono de Davi e de seus filhos. Para o cristão, essa presença se cumpre no Senhor Jesus, reinando por meio de sua Palavra e de seu Espírito. Nossa alegria na adoração vem do exercício de fé no evangelho de Cristo pelo poder do Espírito Santo (Rm 15.8-13). Quando se envolve em adoração com a igreja, você está se aproximando de Deus pela fé em Cristo no poder do Espírito? Como ter certeza?”[5]



[1] Saudades de Casa: Uma Jornada através dos Salmos dos Degraus, J. Stephen Yuille. Ed. Os Puritanos, 2017.

[2] Comentários do Antigo Testamento – Salmo 122, Allan Harman. Ed. Cultura Cristã, 2011.

[3] Bíblia de Estudo NVI – Salmo 122.

[4] Esboços Bíblicos de Salmos, Charles H. Spurgeon. Ed. Shedd, 2005.

[5] Bíblia de Estudo Herança Reformada – Salmo 84; 122.

SALMO 122b - Cantando a Palavra de Deus, CBS. Os Puritanos:

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